Especialista analisa efeitos do horário eleitoral para decisão dos eleitores
Doutor em Ciência Política da UFPR falou ao G1 sobre aspectos do HGPE.
Programas são mais efetivos para candidatos ao Executivo.
Fernando Castro Do G1 PR

A partir desta terça-feira (21), as programações de televisão e rádio exibem, de segunda a sábado, o Horário Gratuito de Propaganda Eleitoral (HGPE). O G1 conversou com o doutor em Ciência Política da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Emerson Cervi, que afirmou a importância do espaço na mídia para a consolidação das candidaturas, em especial no Executivo.
Cervi destacou que o cenário da disputa eleitoral para a prefeitura de Curitiba, com três candidatos que entraram na corrida em vantagem, é um bom exemplo de como o HGPE pode influenciar a escolha dos eleitores. “Nós estamos em uma situação de empate técnico entre três candidatos no meio da campanha, e desde o início já era assim. Desde 2000, as eleições em Curitiba vinham sendo polarizadas”, explicou.
Para Cervi, a propaganda na televisão é o mecanismo mais eficiente para conhecimento dos candidatos em meio à diminuição das campanhas nas ruas e a “judicialização” das campanhas. Ele critica também os Termos de Ajustamento de Conduta (TACs) assinados entre o Ministério Públicos e alguns municípios, nos quais alguns elementos de campanha ficam restritos. “São absurdos esses exageros, tem município proibindo adesivos, assim você perde todas as referências de campanha. Eles consideram que o eleitor é alguém absolutamente incapaz de tomar decisões sem esses artifícios”, questionou o professor.
ara atingir o eleitorado e conquista a preferência, Cervi destaca algumas características constantes do HGPE, como a divisão dos programas em fases. “Nas primeiras semanas o que a gente vai ver são os candidatos apresentando o passado, a história de vida deles, ex-professores falando, familiares, tudo isso faz parte da etapa de apresentação”, apontou.
A segunda fase, segundo Cervi, é quando os candidatos passam a se posicionar a respeito de políticas públicas e propostas efetivas, o que também abre espaço para ataques e defesas entre eles. “Um candidato a reeleição, por exemplo, é possível que tenha de apresentar algo mais defensivo, ou até fugir do debate, ao contrário da oposição”, observou.
Campanhas diferentes
Já nas campanhas para o Legislativo, Cervi afirma que o HGPE é importante para um percentual menor de eleitores. Ele justifica essa menor relevância em virtude de os programas não serem adequados ao sistema de eleição proporcional. “Muitos candidatos se dividem nos poucos segundos que ele tem. Não adianta cobrar que eles não dizem nada, só fazem palhaçada, cantam jingles engraçadinhos, porque não dá para fazer nada além disso”, justificou.
Cervi explica que para escolher um candidato a vereador, o eleitor costuma utilizar o próprio conhecimento, através de contatos diretos, ou de pessoas próximas a concorrentes. Desta forma, a campanha de rua, que na análise de Cervi vem perdendo espaço, possui papel ainda relevante. “Com todas essas limitações, tem sim um impacto maior”, concluiu.

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